Por Weber Andrade*
Neste dia 23 é comemorado o Dia Mundial do Livro e, além de homenagear várias obras literárias e seus autores, a data também busca conscientizar as pessoas sobre os prazeres da leitura.
Mas, o advento da rede mundial de computadores, tem feito com que a leitura tradicional, com um livro nas mãos, tenha perdido cada vez mais leitores. Mesmo assim, em Barra de São Francisco uma das únicas livrarias da região norte do Estado resiste. (Veja fotos do local no final do texto)
Mesclando perfumaria com livros e discos em vinil, a empresária Cátia Matos, conta que não desiste de levar cultura e entretenimento à população francisquense e regional em forma de livros. “Tivemos que agregar o setor de perfumaria, por questão de sobrevivência. Vende mais do que os livros, mas também temos clientes que não abre mão da leitura”, observa ela.
Cátia lamenta que nos últimos dias, devido ao agravamento da pandemia da Covid-19, a livraria e perfumaria tenha ficado fechada, prejudicando os negócios. “O que concorre mais com a livraria presencial é a virtual. Hoje é muito fácil comprar ou mesmo ler um livro de graça na internet, mas ainda temos muita gente que gosta de manusear um livro”, comemora.
Origem do Dia Mundial do Livro
A Unesco escolheu a data do Dia Mundial do Livro em 1995, em Paris, durante o XXVIII Congresso Geral.
O dia 23 de abril foi escolhido por ser a data da morte de três grandes escritores da história: William Shakespeare, Miguel de Cervantes, e Inca Garcilaso de la Vega.
23 de abril é também a data de nascimento ou morte de outros autores famosos, como Maurice Druon, Haldor K.Laxness, Vladimir Nabokov, Josep Pla e Manuel Mejía Vallejo.
Sebo é uma das paixões
Cátia Matos conta que saiu de Barra de São Francisco bem jovem, foi para São Paulo e, por lá, trabalhou junto com o marido Marco Antônio, por muitos anos, com um sebo e livraria.
De volta à cidade há cerca de 14 anos, Cátia disse que não resistiu e decidiu dar continuidade ao projeto, que ela considera mais um hobby e uma contribuição para a cultura literária tradicional em Barra de São Francisco. “Aqui não tem livrarias, a não ser religiosas, e o nosso sebo é o único da região norte do estado. Só Aracruz, Vitória e Vila Velha têm”, conta orgulhosa a empresária.
Cátia, no entanto, reconhece que está difícil viver do pequeno negócio, já que pouca gente procura os livros hoje em dia. “O que me faz persistir é o fato de viver muitas histórias, conhecer gente interessante, como um senhor de Água Doce do Norte, cujo nome não me lembro agora. Ele chegou procurando livros antigos de aritmética, álgebra, disse que nunca sentou em banco de escola. Pegou um livro bem antigo, de aritmética e levou”, conta satisfeita.
Para melhorar o negócio, Cátia disse mudou-se do Bambé para a Rua Mineira e, agora, está no centro da cidade, na avenida Prefeito Manoel Vilá, perto da praça Senador Atílio Vivácqua e passou a investir em opções para que o cliente venha e permaneça no seu espaço, como os artigos de perfumaria.
No sebo, são centenas de livros, alguns do século 18, muito bem organizados em prateleiras de fácil acesso, além de gibis de super-heróis antigos e discos de vinil, daqueles que dá vontade de parar e ficar ouvindo. Na verdade, só falta mesmo ter uma vitrola na loja para a gente experimentar um pouquinho de Bezerra da Silva, das antigas, muito rock, música brasileira…
*Weber Andrade é editor de Conteúdo dos sites TNL e o Contestado e escritor bissexto