Com base na taxa de transmissão do coronavírus, a previsão de pesquisadores é que Espírito Santo possa chegar a 1.430 mortes pela Covid-19 até o dia 15 de junho. Isso significa que, em uma semana, sejam 559 novas vítimas do vírus. Até esta segunda-feira, 8, foram registradas 871 mortes por causa da doença no estado.
A projeção é da doutora em Epidemiologia Ethel Maciel, que explica que a taxa de transmissão da doença no Estado ainda está alta, em 1,85%. Isso significa que cada 10 pessoas contaminadas podem transmitir a doença para outras 18 pessoas.
O ideal, segundo Ethel, é que essa taxa seja igual a 1%. Ou seja, com esse percentual, cada pessoa contaminada pelo coronavírus só transmitiria a doença para, no máximo, uma outra pessoa.
“Se uma pessoa infecta mais de uma, e com a taxa atual temos quase duas pessoas contaminadas por uma, a doença cresce numa velocidade muito grande. É como se 10 pessoas infectassem 18, que infectam 32. Isso cresce muito rápido. Mais do que o sistema de saúde é capaz de absorver”, considerou a epidemiologista.
Monitoramento – Para a especialista, até as pessoas que estão assintomáticas devem ser monitoradas e evitar o contato social, já que essa é a melhor forma de controlar a doença.
Para isso, é necessário que a população seja testada de forma massiva. Mais do que o “Inquérito sorológico”, que faz testes rápidos na população para detecção de anticorpos, considera Ethel.
“O inquérito nos dá uma estimativa de 200 mil pessoas infectadas. Mas nós não sabemos quem são essas pessoas. Sabemos quem são as positivas do inquérito. Todas as pessoas que chegamos nas casas e testaram positivo desconheciam seu estado de infecção pelo vírus. Esse é um retrato muito preocupante porque essas pessoas, não sabendo que estão doentes, continuam o que estão fazendo normalmente”, apontou.
Comércio – Diante desses dados, a epidemiologista se posiciona contra a reabertura do comércio, serviços e shoppings. Para ela, a taxa de transmissão é o dado mais importante para definir a reabertura ou não da economia, não o número de leitos.
“O isolamento nesse momento é fundamental. O que nós deveríamos ter feito desde o final do mês, com o resultado do inquérito, é diminuir a possibilidade de contaminação. E isso se faz fechando o que hoje está aberto e diminuindo a interação. A terceira etapa do inquérito tem que servir para que os gestores tomem decisões baseadas no inquérito, e não mais no mapa de risco”, considerou.
Leitos – Outra projeção preocupante é de um pesquisador da Universidade de São Paulo (USP), que prevê a ocupação total dos leitos de UTI para Covid-19 até o fim deste mês. (G1 Espírito Santo)