Proteger crianças e adolescentes da violência é um grande desafio. Um relatório do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) mostra que em 27 anos o número de homicídios de adolescentes mais que dobrou no Brasil. Todos os dias, em média, 32 meninos e meninas de 10 a 19 anos são assassinados no país. No Espírito Santo foram 4 mil vítimas em 10 anos.
Em Barra de São Francisco, há poucos meses, dois adolescentes foram mortos a tiros no bairro Colina e o assunto foi parar nas redes sociais com parentes de uma das vítimas reclamando da falta de oportunidades e de proteção. Os dois jovens trabalhavam no tráfico drogas.
“Enquanto o Brasil não priorizar nas políticas públicas a infância e a adolescência, os desafios vão continuar. Outro importante fator que nós cada vez mais estamos nos deparando no Brasil são as desigualdades, que afetam drasticamente a infância e a adolescência”, explicou Luciana Phebo, coordenadora do Unicef no Sudeste. Ela ainda avalia que após 30 anos da convenção sobre os Direitos da Criança, ainda há muito o que fazer.
Luciana defende que é preciso investir em políticas específicas para as crianças e adolescentes, em todas as áreas. Ela explicou que na educação, o Espírito Santo conseguiu reduzir o número de crianças fora da escola. Em 1992 eram 20%. Esse percentual caiu para 4% no ano passado.
“Tem que se pensar também na qualidade de ensino e aí também a gente vê expressos números que falam sobre essa qualidade, que são o abandono escolar, a distorção idade-série, o atraso na vida escolar”, diz a coordenadora.
Estado Presente – O governo do Estado diz que desde a implantação do programa Estado Presente o número de mortes de jovens no Espírito Santo tem diminuído. De janeiro a outubro de 2017, 300 crianças e adolescentes foram assassinadas. Em 2018 foram 189 e este ano, nesse mesmo período, foram 176.
“Nós temos 37 programas de proteção social na área de educação, ampliando a oferta de creches, ampliando a oferta de escolas em tempo integral, dando também oportunidades no contra-turno escolar, com atividades esportivas, com atividades de cultura, lazer, trabalhando a habilidade desses jovens”, afirma o Secretário de Estado de Planejamento, Alvaro Duboc.
E há muitos jovens e adolescentes mobilizados para cobrar seus direitos. Blenda Amanda Lima, que tem 16 anos e é de Vila Velha, escreveu uma carta, junto de outros 50 adolescentes. O documento foi lido no Congresso Nacional, em Brasília.
“A gente pretende que esses direitos sejam exercidos e que as gerações futuras recebam o que estamos recebendo hoje: essa oportunidade de estar vindo, de mostrar para vários adolescentes do mundo e do Espírito Santo especialmente que eles podem correr atrás que eles conseguem”, pontua a jovem. (Weber Andrade com G1 Espírito Santo)