O deputado federal Evair de Melo (PP), assumiu ontem a vice liderança do governo federal na Câmara dos Deputados, e hoje pela manhã já abriu a metralhadora contra governadores e prefeitos em relação à pandemia do coronavírus. Em entrevista ao Bom dia Espírito Santo, telejornal da TV Gazeta, ele disse que a culpa pela situação atual é dos governadores e prefeitos, que não tomaram as providências no momento certo para contar o avanço da doença.
Sem apontar soluções, Evair admitiu que, por hora, o isolamento social ainda tem que ser realidade em alguns locais e que isso está acontecendo porque as autoridades estaduais e municipais demoraram para tomar providências. “Isso (o isolamento e as barreiras sanitárias) tinham que ter começado no início de fevereiro”, aponta.
Evair minimizou o fato de o presidente da República, Jair Bolsonaro, ter participado de atos antidemocráticos recentemente e afirmou que o presidente é legalista e que sua participação “é como se alguém fosse a uma partida de futebol, onde há manifestações diversas, mas que não correspondem à opinião dessa pessoa”.
Ontem, 7, em entrevista ao site folhavitoria.com.br, Evair de Melo disse que sempre foi governinsta, em resposta a críticas de analistas políticos que encaram sua nomeação como forma de abrir espaço para o Centrão na administração federal.
Segundo o deputado, esse pensamento é equivocado, já que ele sempre se colocou como um deputado “governista”. Evair também falou das prioridades a partir de agora com a função e os reflexos que isso pode ter para o Espírito Santo.
FV – Como o senhor recebeu esse convite e essa nova função no Parlamento?
Com muita tranquilidade porque eu sempre fui um deputado governista. Se você pegar meu histórico de votações vai ver que em 2019 eu votei 97% com o governo. Em 2020 foi 100%. Não tem nada diferente do que vinha fazendo. Eu e o presidente Bolsonaro fomos deputados juntos no mandato passado e sempre tivemos posições parecidas em alguns pontos. Trabalhamos juntos no no impeachment da Dilma, na cassação do Cunha (Eduardo Cunha, ex-presidente da Câmara e hoje preso pela Operação Lava jato). Minha ideia é ajudar, principalmente em pautas que considero prioritárias da economia, de reformas e em busca de uma estabilidade para o País.
FV- O senhor já está trabalhando na articulação?
Tem mais ou menos um mês que já estou trabalhando com o líder do governo, Major Vitor Hugo (PSL). Mesmo com a maioria das pessoas em home office, fiz questão de vir para Brasília para ajudar o governo no que for preciso. Minha pauta é sempre economia, estabilidade, reformas. Temos que mudar muitos marcos regulatórios, medo dessa pandemia. Todos home office. Vim pra Brasília pra ajudar o governo.
FV – E como o Espírito Santo pode ser beneficiado com a nova posição do senhor?
Não posso abrir mão de abrir portas para o Estado. E acredito que assumi a vice liderança num dia excelente. De manhã foi anunciada a liberação de R$ 53 milhões para a conclusão do Contorno do Mestre Álvaro, e já foi anunciado também R$ 17 milhões para a ES 447, que vai até o Porto de Capuaba, mais 20 leitos de hospitais para o combate ao coronavírus. Minha função vai ser abrir portas para fazer as coisas acontecerem para o Estado e isso será possível com o apoio da bancada capixaba e a interlocução mais próxima com o governo.
FV – Como está a mobilização em Brasília para a liberação de recursos para o combate ao vírus?
Eu, como presidente da Frente Parlamentar de Comércio Exterior tenho um papel importante junto ao governo em ações de combate ao coronavírus. Para se ter ideia, tínhamos 40 aviões carregados na China com EPIs, respiradores e produtos para combater a pandemia que estavam parados por causa de burocracia. Mas conseguimos liberar e o primeiro chegou ontem. Tem mais 39 chegando por aí. Temos que fazer uma construção de negociações pela porta da frente e o que o governo tem pedido é não fazer curva e essa tem sido minha conduta
FV – A sua nomeação não tira o protagonismo da bancada capixaba em Brasília?
Nossa relação é muito boa com o líder da bancada, deputado Da Vitória. Eu tenho o compromisso de ajudar a demanda da bancada e de qualquer parlamentar. Tenho um jeito próprio de trabalhar e sempre fui muito independente, mas ontem liguei ontem para o Da Vitória e disse a ele que sou um aliado que tem a tarefa de abrir portas para a bancada. As coisas precisam acontecer para o Espírito Santo.
O senhor assume em um momento em que analistas apontam que o governo se abre ao Centrão e o senhor é de um dos principais partidos do Centrão, o PP. Como encara esta crítica?
Escreve coisas assim quem está contaminado por uma pauta ideológica e a informação não é verdade. É só conferir as votações deste ano e do ano passado. Já voto com o governo. Essas afirmações são de quem vive em um mundo surreal. Em hipótese nenhuma faço negociação de cargos, não é o produto que o governo quer de mim. O partido que sou filiado fez alinhamento com o governo e veio para onde eu já estava há muito tempo. Há hoje sim um movimento justo de coalizão no Parlamento. Conheço os bastidores e a coalizão está sendo feita pela porta da frente, e não tem nada de ilegítimo nisso.
FV – Qual é o foco do governo agora?
Já estou atuando e tenho ajudado o líder do governo deputado Vitor Hugo a criar um ambiente para fazer entregas legislativas importantes em função do coronavírus, na área da saúde. É preciso socorrer a todos, as pessoas, o emprego, as empresas, cuidar da responsabilidade inflacionária. Entregas para superar esse momento em que o Ministério da Saúde é protagonista. (Weber Andrade com Folha Vitória)