O ex-assessor do deputado estadual Flávio Bolsonaro (PSL), o tenente coronel da Polícia Militar do Rio de Janeiro Wellington Servulo Romano da Silva, cujo nome aparece em relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), passou 248 dias em Portugal enquanto trabalhou com o parlamentar na Assembleia Legislativa do RJ (Alerj). O caso foi revelado pelo Jornal Nacional nesta quarta-feira, 12.
Procurado pela equipe do telejornal, o deputado e senador eleito negou que o oficial da PM morasse em Portugal enquanto esteve lotado na Alerj. De acordo com Flávio, a família do policial tem cidadania portuguesa e se mudou para aquele país. O parlamentar acrescentou que o tenente coronel os visitava esporadicamente, e que trabalhou normalmente no gabinete até ser exonerado.
Wellington Sérvulo Romano da Silva é citado no relatório do Coaf como um dos nove assessores e ex-assessores que faziam depósitos na conta do ex-motorista de Flávio Bolsonaro, Fabrício de Queiroz. O documento apontou uma movimentação suspeita de R$ 1,2 milhão em um ano na conta de Fabrício.
A equipe de reportagem do JN foi à casa de Wellington tentar conversar com o oficial, mas, segundo o porteiro do condomínio, o oficial estaria em Portugal. O funcionário acrescentou que há anos o PM ficava mais na Europa do que no Brasil. Desde 2015, a princípio.
Como revelou o JN, o tenente coronel foi nomeado em 2015 para trabalhar como assessor de Flávio Bolsonaro na vice-liderança do PP, partido do deputado na época. A reportagem teve acesso aos registros de Wellington na Alerj e às viagens que ele fez, sempre com a companhia aérea TAP.
De acordo com os registros, no dia 24 de abril de 2015, nove dias depois de ter sido nomeado, Wellington viajou para Portugal, onde ficou 44 dias. Nesse período, recebeu o salário e gratificações da Alerj: total de R$ 5,4 mil por mês.
Ainda em 2015, o oficial viajou outras quatro vezes para Portugal. Naquele ano foram 119 dias fora do Brasil. A última viagem do ano foi em 16 de dezembro. Wellington só voltou ao Brasil em 31 de janeiro de 2016.
Em março de 2016, outra viagem. O tenente coronel saiu dia 9 e voltou 8 de abril. Enquanto estava fora do Brasil, Wellington foi dispensado do trabalho na vice-liderança do PP. O documento que marca a dispensa é do dia 1º de abril.
Nos registros da Alerj, ele não aparece na lista de pagamentos nos meses de abril e maio. Mas, como mostrou o JN, não foi uma demissão. No dia 18 de maio, Wellington foi nomeado para trabalhar no gabinete de Flávio Bolsonaro.
Dois dias depois, ele embarcou no voo TAP 0070, das 22h45, com destino a Lisboa. Foram mais 15 dias fora do país. Em 15 de julho, o oficial viajou de novo. Mais 45 dias longe do Brasil e do trabalho.
No dia 1º de setembro de 2016, o tenente coronel foi dispensado mais uma vez do cargo, e não voltou mais a trabalhar com o deputado Flávio Bolsonaro.
A Alerj informou que durante todo o período em que Wellington esteve na Casa, nunca tirou licença. Em um ano e quatro meses em que trabalhou para Flávio, Wellington ficou fora do país por 248 dias – a metade do período.
Numa rede social, a mulher de Wellington diz que a cidade onde mora atualmente é Aveiro, que fica em Portugal. Oficialmente, ele retornou aos quadros da PM só em 10 de abril deste ano. Mas, logo em seguida, pediu e recebeu uma licença especial da corporação.
O JN questionou a PM onde o tenente coronel trabalhou depois que deixou a Assembleia até receber a licença especial. Até a exibição da reportagem, não houve resposta.
Nos registros do governo do estado, Wellington continua a receber como oficial R$ 25 mil. Só que ele já estava em Portugal, de novo. Ele só voltou no dia 10 de setembro. Em seguida, ficou nove dias no Rio e embarcou de novo para Lisboa. (Fonte: Jornal Nacional/G1)

Bolsonaro diz que “paga a conta” de
Fabrício Queiroz se houve algo errado
O presidente eleito Jair Bolsonaro afirmou nesta quarta-feira, 12, que ele e o filho Flávio Bolsonaro pagarão “a conta” se houver algo de “errado” com Fabrício José Carlos de Queiroz, ex-assessor de Flávio.
Bolsonaro deu a declaração durante transmissão ao vivo no Facebook e comentou o fato de o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) ter encontrado movimentação suspeita de R$ 1,2 milhão na conta do ex-motorista de Flávio.
“Se algo estiver errado, seja comigo, com meu filho ou com o Queiroz, que paguemos a conta deste erro, porque nós não podemos comungar com o erro de ninguém. Da minha parte, estou aberto a quem quiser fazer qualquer pergunta sobre este assunto, tenho sempre me colocado à disposição e o que a gente mais quer é que isso seja esclarecido o mais rápido possível, sejam apuradas as responsabilidades, se é minha, se é do meu filho, se é do Queiroz ou de ninguém”, afirmou Bolsonaro.
“O Queiroz não estava sendo investigado, foi um vazamento que houve ali, não sou contra vazamento, tem que vazar tudo mesmo, nem devia ter nada reservado, botar tudo para fora e chegar a uma conclusão. Dói no coração da gente? Dói, porque o que nós temos de mais firme é o combate à corrupção e aconteça o que acontecer, enquanto eu for o presidente, nós vamos combater a corrupção usando todas as armas do governo, inclusive o próprio Coaf”, avaliou Bolsonaro, durante a transmissão no Facebook.
Segundo o presidente eleito, Fabrício Queiroz será ouvido pela Justiça na semana que vem. Bolsonaro disse esperar que o ex-motorista preste os devidos esclarecimentos à Justiça. (Fonte G1)