Dor generalizada aparentemente “sem motivo” e que afeta muito a qualidade de vida do paciente, a fibromialgia é uma síndrome de amplificação dolorosa devido a uma resposta anormal do sistema nervoso e que pode ter origem genética e emocional. A doença que afeta mais de 200 mil pessoas no Espírito Santo foi o tema da reunião da Comissão de Saúde, realizada nesta terça-feira, 25, com a presença de especialistas e pacientes.
Segundo a reumatologista Valéria Valim, a doença acomete mais as mulheres, muitas delas no auge de sua fase produtiva. É o caso de Estela Machado, de 27 anos, que sofre com dores difusas e com a depressão. “É uma luta constante. Não consigo fazer 10% do que queria”, relatou a paciente e voluntária da Associação Nacional de Fibromiálgicos (Anfibro).
Diagnosticada há três anos, Beatriz do Carmo também enfrenta os desafios da doença. Aos 51 anos, com muitas dores e, como consequência, com dificuldade para trabalhar, Beatriz ficou desempregada. Há três meses, não consegue comprar o medicamento, essencial para sua qualidade de vida. Ela pediu a atenção dos deputados para a fibromialgia, para que os pacientes da rede pública tenham acesso a reumatologistas e aos remédios.
Sintomas – A fibromialgia atinge 5% da população brasileira, com predominância nas mulheres entre 30 e 55 anos. Estresse, sedentarismo e distúrbios do sono têm efeito direto sobre a doença, segundo a reumatologista Valéria Valim. “Quem dorme mal, tem mais dor. E quem tem mais dor, dorme mal. É um ciclo vicioso”, explicou a médica.
Além das dores difusas, as pessoas com fibromialgia podem apresentar outros sintomas como fadiga, distúrbios intestinais, cistite e problemas cognitivos. Um dado de alerta é que os fibromiálgicos têm risco oito vezes maior de desenvolver transtornos psiquiátricos e de cometer suicídio.
A médica explicou, ainda, que é uma doença de diagnóstico clínico. “É uma condição invisível, porque os exames podem não mostrar uma alteração”, disse.
A paciente Estela Machado sabe bem o que é isso. “Eu não finjo. Eu tenho uma doença crônica e ela é real, embora não pareça. As consequências são dores no corpo, fadiga, sono não reparador, visão turva, intestino irritável. É difícil definir se a dor é nos músculos, nos ossos, nas articulações ou na carne. E ainda não posso ser mãe, porque minha medicação pode causar má formação fetal”, relatou.
Desafios – De acordo com a médica Valéria Valim, é necessário organizar uma rede de atenção ao paciente com dor, com a disponibilização de equipes multidisciplinares e foco na atenção primária. Também é preciso aumentar as opções de medicamentos especiais nas farmácias cidadãs. “A atenção primária precisa ser mais resolutiva para um problema que atinge 200 mil capixabas”, salientou.
A médica também falou sobre a adequação trabalhista aos pacientes com a doença. Para ela, é preciso regulamentar a atividade laboral para aqueles com incapacidade funcional, como uma jornada reduzida e que o paciente não faça escalas noturnas.
Estela Machado, da Anfibro, também destacou a necessidade de tratamento preferencial em filas, assentos no transporte público e vagas de estacionamento. A paciente também falou sobre a necessidade de maior investimento na capacitação dos profissionais de saúde para identificarem a fibromialgia.
Participaram dos trabalhos os deputados Dr. Hércules (MDB), Dr. Emílio Mameri (PSDB) e Dr. Hudson Leal (PRB). Os parlamentares frisaram a importância da atenção básica para o diagnóstico e tratamento da doença. (Fonte: Webales)