Analisar técnica ou taticamente o empate com o Vasco seria muito pouco para o que aconteceu neste domingo no Maracanã. Mais do que na bola, o Flamengo ganhou a Taça Rio no coração. Assim como na semifinal contra o Fluminense, um gol nos acréscimos foi apoteótico e mudou o cenário da competição. O Flamengo acabou conquistando o título nos pênaltis (3 X 1). Agora o Flamengo encara o Peñarol, nesta quarta-feira, 3, às 21h30, no Maracanã, valendo a liderança do grupo D da Libertadores. No sábado, o Urubu entra em campo contra o Fluminense, para decidir uma vaga na final do Carioca.
Se o time não teve uma grande atuação, os rubro-negros podem se orgulhar da entrega e determinação de seus jogadores.
O próprio Abel exagerou na emoção na reta final da Taça Rio e foi “desfalque” na final. No Fla-Flu, quando o Flamengo jogou todo o segundo tempo com um jogador a menos e conseguiu a vitória nos acréscimos, o treinador teve uma arritmia, ficou três dias internado e passou por procedimentos cardíacos. Proibido pelos médicos de ir ao Maracanã, emocionou-se de casa com o título e com as homenagens dos jogadores.
Abel citou o resgate da “alma rubro-negra”. Não que a falta de vontade tenha sido um problema do Flamengo nas últimas temporadas, mas sim a dificuldade de vencer em momentos decisivos. Faltava o algo a mais. Talvez seja precoce avaliar, afinal foram dois jogos da Taça Rio, mas esse elenco começa a mostrar sinais de um grupo vencedor. O tão falado “DNA vencedor”.
O jogo ganhou contornos dramáticos no fim, mas deixou a desejar em vários aspectos. Um jogo morno, em que o Flamengo, com o time reserva, não foi brilhante, mas mostrou força para brigar de igual para igual com os titulares do Vasco. Aliás, o clube abdicou da força máxima nos jogos decisivos da Taça Rio. Peças importantes como Diego, Gabigol e Cuéllar, por exemplo, sequer foram relacionadas para os clássicos contra Fluminense e Vasco.
Do clássico deste domingo, é possível tirar pontos positivos, mas também sinais de alerta. O Flamengo nunca desistiu. Acreditou e buscou o empate até o fim. Não teve medo de se expor, lançou-se ao ataque e foi premiado. Teve alma, raça e coração.
Não foi a melhor atuação de Arrascaeta com a camisa do Flamengo, ele teve mais erros do que acertos, mas não se omitiu e decidiu. Em um time que teve oito garotos formados na base ao longo do jogo, o uruguaio assumiu a responsabilidade e foi premiado com o gol. Está cada vez mais difícil para Abel deixar o camisa 14 no banco. O problema é: quem sai?
Garotada – Assim como na semifinal contra o Fluminense, o Flamengo não teve medo de lançar a garotada. Ao todo, usou oito jovens formados no clube durante o jogo. Neste domingo, os nove atletas do banco de reservas eram garotos. E se no Fla-Flu Lucas Silva sofreu o pênalti que resultou no gol da vitória, contra o Vasco foi Bill – estreante da noite – quem deu a assistência para Arrascaeta. Além dele, Vinícius foi outro a debutar no clássico. (Weber Andrade com Globo Esporte)