As medidas anunciadas pelo governo federal para tentar conter uma nova greve dos caminhoneiros, marcada para este sábado, 30, parece não terem surtido o efeito esperado. Ontem, 28, o próprio presidente da República, anunciou via facebook, o lançamento do “cartão-caminhoneiro”, que vai garantir a compra de combustível, pelos motoristas de carga, sem a variação oscilante do preço do óleo diesel, uma das principais reclamações da categoria. No início da semana a Petrobrás já havia sinalizado com o “congelamento” dos reajustes, do diesel, que passariam a ser feitos, apenas de 15 em 15 dias.
Em Barra de São Francisco, onde a categoria fez uma forte paralisação em 2018, alguns caminhoneiros já disseram que deverão aderir ao movimento grevista. Assim como a maioria dos seus colegas de vários estados, eles querem que o preço do diesel fique congelado por pelo menos 30 dias e o preço nas refinarias seja reduzido.
Um dos líderes dos caminhoneiros, Wallace Costa Landim, conhecido como Chorão, em entrevista ao Canal Rural do Uol, afirmou que o congelamento no preço do diesel por períodos de 15 dias e o Cartão Caminhoneiro, anunciado pela Petrobras, “ainda não são suficientes para evitar uma greve da categoria”.
Apesar de dizer que pessoalmente não apoia o movimento, Landim afirma haver de 15 a 20 grupos de articulação pela paralisação no WhatsApp. Eles fogem ao controle de lideranças sindicais com as quais o governo tem conversado.
Segundo ele, a pressão parte, principalmente, de caminhoneiros de Minas Gerais. Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Rio Grande do Norte estão entre os que já sinalizaram que não aprovam paralisação convocada para o próximo sábado, dia 30.
Neste mês, Chorão se encontrou com representantes do governo em três ocasiões. Na primeira delas, no dia 15, esteve com Onyx Lorenzoni, ministro da Casa Civil, ao lado de técnicos da Economia, para apresentar a pauta de reivindicação.
“A Petrobrás teve lucro exorbitante”, disse Chorão. “Não podemos pagar diesel em dólar.” Eles também negociam mais rigor na cobrança de fretes e construção das paradas para descanso.
Para ele, o fato de 90% da categoria ter apoiado a eleição de Bolsonaro merece resposta. “A Petrobrás não responde 100% nossas reivindicações, mas demonstra que o governo busca mecanismos para nos atender”, disse.
Enquanto isso, o governo, através do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), monitora uma possível greve de caminhoneiros no país. Os primeiros dados são de que, neste momento, o movimento não tem a mesma força percebida no ano passado, mas há temor de que os motoristas possam se fortalecer e cheguem ao potencial explosivo da última greve. (Weber Andrade com Canal Rural /Uol)