Steve Bannon, ex-estrategista-chefe da Casa Branca da gestão de Donald Trump e guru do “bolsonarismo”, foi indiciado e preso nesta quinta-feira, 20, sob a acusação de desviar dinheiro de uma campanha de apoio à construção de um muro entre os Estados Unidos e o México – uma das promessas da campanha de Trump em 2016.
Bannon, líder do movimento conservador The Movement foi estrategista da campanha de Trump, nomeou informalmente, em fevereiro de 2019, Eduardo Bolsonaro como o líder sul-americano do movimento da direita populista.
Um dos primeiros contatos entre os dois foi em novembro de 2018, quando o filho do presidente, já eleito, foi a um jantar de aniversário de Bannin em Washington e descreveu o aniversariante como uma “pessoa ícone no combate ao marxismo cultural” e desejou a ele “muitas felicidades”.
Na ocasião, Bannon contou à repórter Júlia Zaremba que tinha tido contato informal com a família Bolsonaro durante a campaha de 2018 e que estava “muito bem impressionado com Eduardo e seus assessores”, pessoas que compartilhavam “a mesma perspectiva em relação à economia, estabilidade, lei e ordem”. Não se sabe a que lei e ordem Bannon se referia.
A campanha We Built That Wall (Nós construímos o muro) arrecadou US$ 25 milhões (R$ 142 milhões) recebendo dinheiro de centenas de milhares de americanos. Mas o dinheiro, segundo o DoJ, foi desviado para pagar despesas próprias dos organizadores da campanha de Bannon.
Três supostos cúmplices também foram presos. Eles teriam usado fundos de campanha de forma inconsistente com aquele que havia sido propagandeado.
Segundo o Departamento de Justiça, ao menos US$ 1 milhão (R$ 5,64 milhões, na cotação atual) teria ido para o próprio Bannon, que usou o dinheiro em outras de suas organizações ou para ele mesmo.
Ao menos uma parte desse montante “foi usado por Bannon para cobrir centenas de milhares de dólares em despesas pessoais dele”, disseram os promotores.
Além dessa fraude, Bannon também é indiciado por conspiração para lavagem de dinheiro. Cada um dos crimes pode levar à pena máxima de 20 anos de prisão.
Promotores federais em Nova York anunciaram que além de Bannon foram acusados Brian Kolfage, Andrew Badolato e Timothy Shea. Kolfage foi descrito como o rosto público e fundador da campanha, recebeu milhares de dólares que usou para ele mesmo, segundo a acusação.
A rede MSNBC ouviu pessoas ligadas a Bannon que afirmaram que ele não deverá se declarar culpado. Ele deverá ser ouvido em uma corte ainda na tarde desta quinta-feira.
Bannon é tido como um dos responsáveis pela vitória de Trump nas eleições de 2016. Ele virou estrategista-chefe da Casa Branca quando o atual presidente assumiu, em 2017, mas não ficou muito tempo no cargo: ele foi demitido em agosto daquele ano.
A construção de um muro entre os EUA e o México foi uma das promessas de campanha de Trump. Uma apuração da agência Reuters descobriu que mais de 330 mil pessoas doaram dinheiro para esse fim. (Weber Andrade com G1 Mundo e Revista Época)