Por Weber Andrade/ocontestado.com
Informações recebidas pela reportagem dos sites ocontestado.com e vozdabarra.com.br, há cerca de dois meses, davam conta de que a obra de construção do campus do Ifes no Valão Fundo, estaria paralisada desde abril deste ano. A mesma foi iniciada em fevereiro, após solenidade que reuniu várias autoridades federais, estaduais e municipais (veja texto mais à frente).
Nesse período, nossa reportagem vem tentando junto ao diretor geral do Ifes, professor José Alexandre Gadioli, obter informações sobre o andamento da obra, mas ele sempre assegurou que a mesma “estava em andamento”.
Depois que a nossa reportagem provocou a reitoria do Ifes em Vitória, o campus do Ifes enviou nota à nossa redação, informando que rescindiu unilateralmente o contrato com a empreiteira anterior e já convocou a segunda colocada. (Veja a íntegra no final ma matéria)
No entanto, diante de várias denúncias de que o dono da empreiteira havia abandonado a obra e deixado um rastro de prejuízos no comércio da cidade, nossa reportagem procurou pelo diretor novamente na manhã desta quinta-feira, 18, quando fomos informados que não há paralisação e que estava acontecendo apenas um “ajuste de contas” com a empreiteira, mas o cronograma da obra estava mantido.
Estivemos então, por volta de 11h, no local da obra e pudemos constatar que a mesma está abandonada e que no local foram construídos apenas alguns galpões de madeira, que serviriam de escritório da empresa, alojamento e refeitório par os funcionários. De obras, apenas algumas fundações dos dois prédios cuja construção estava prevista no contrato. (veja mais informações abaixo).
Convênio com a Prefeitura e Sicoob
permitiu o uso do prédio da Fatesf
Uma reportagem publicada em 28 janeiro deste ano pelos nossos, logo após a assinatura de um convênio tripartite, entre o Ifes, a Prefeitura e o Sicoob, permitiu que a instituição transferisse seu campus, da Escola Municipal João Bastos para o prédio da extinta Faculdade de Tecnologia São Francisco (Fatesf), no bairro Irmãos Fernandes.
Na altura, a prefeitura assumiu, pelo período de três anos, através da Secretaria Municipal de Educação (Semec) o pagamento de um aluguel mensal de R$ 15 mil ao Sicoob, permitindo a transferência, mas exigindo uma contrapartida do Ifes na formação de estudantes da rede municipal de ensino e na realização de cursos e seminários voltados para várias áreas.
Na altura, nossa reportagem alertava para o fato de que a obra de construção do campus do Ifes em Barra de São Francisco estava cada vez mais distante.
No entanto, poucos dias depois, em 8 de fevereiro, o reitor do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes), Jadir Pela, e o atual diretor do campus de Barra de São Francisco, professor Alexandre Gadioli, anunciaram uma solenidade para a assinatura da Ordem de Serviço (OS) da obra.
Na oportunidade, o secretário de Educação Profissional, Ciência e Tecnologia, do Ministério da Educação (MEC), Alexandro Ferreira de Souza, esteve na cidade e assinou como testemunha a OS para o reinício das obras de construção do campus do Ifes no Valão Fundo.
A informação, durante a solenidade era de que a obra, que vai custar R$ 10,7 milhões, já tinha disponíveis R$ 3 milhões para o início e mais R$ 3,5 milhões assegurados, graças a emendas parlamentares do deputado federal Lelo Coimbra.
Além do secretário do MEC, o reitor do Ifes, Jadir Pela, o deputado estadual Enivaldo dos Anjos, o prefeito Alencar Marim, o diretor do campus do Ifes, José Alexandre Gadioli e o senhor Jorge Albino, proprietário da empreiteira responsável pela obra compuseram a mesa.
Dezenas de pessoas da sociedade estiveram no local para a solenidade e o proprietário da empreiteira assegurou que a obra teria início na terça-feira, 12 de fevereiro e deveria ser concluída até o final do ano que vem, ou seja, em 2021, o campus já estará funcionando, com dois blocos (prédios).
Gadioli abriu o evento fazendo agradecimentos nominais às pessoas que tornaram possível a retomada da obra, que estava paralisada desde 2015. Ele citou o empresário Hiram Coimbra, que cedeu parte da sua propriedade para que a obra fosse feita e destacou o deputado federal Lelo Coimbra e a senadora Rose de Freitas, como as pessoas que mais contribuíram para que os recursos para a obra fossem conseguidos.
Citou ainda os demais proprietários rurais no entorno do campus, que ajudaram a manter o local seguro, os profissionais do Ifes e o prefeito Alencar Marim, que ele destacou como parceiro de primeira hora do projeto.
O reitor Jadir Pela, por sua vez, destacou a força dos institutos federais no Brasil, apontando os números totais, que somam mais de 600 campi e 1,090 milhão de alunos pelo país. Parabenizou o diretor Gadioli e o prefeito Alencar, por terem permitido que a obra fosse retomada, com o apoio do deputado Lelo Coimbra e da senadora Rose de Freitas. “Temos que agradecer a muitas pessoas por termos conseguido, em um ano de trabalhar, conseguir retomar essa obra. Temos R$ 7,5 milhões, agora só faltam R$ 3 milhões. Não que eu esteja cobrando, é só um lembrete para o nosso secretário do Cetec”, brincou.
O deputado estadual Enivaldo dos Anjos também parabenizou a todos pelo trabalho de retomada da obra e salientou, falando em nome do governador Renato Casagrande, que o governo do Estado fará tudo que puder para ajudar. Enivaldo também sugeriu que, algum lugar do campus, haja uma homenagem ao senhor Narciso Coimbra, pai do ex-proprietário do local, Hiram Coimbra. “Era uma pessoa muito querida e importante para o desenvolvimento do município”, reivindicou.
O prefeito Alencar Marim fez uma ligação entre a audiência pública sobre a barragem no Itaúnas e a instalação do campus do Ifes, lembrando que, por falta de conhecimento, algumas pessoas acabam interferindo em projetos de grande importância para a comunidade. “O Ifes é um exemplo de excelência na educação profissionalizante e graduação. A instalação desse campus abre um leque incomensurável de oportunidades para toda a nossa região”, afirmou.
Por fim, o secretário nacional de Educação Profissionalizante, Ciência e Tecnologia, Alexandro Ferreira, disse que estava muito feliz por fazer sua primeira viagem em um cargo para autorizar uma obra de construção de mais um campus. Ele disse ainda que, como professor, se sente triste com os indicadores da educação no país, mas que sua esperança está aumentando ao ver grupos de pessoas tão dedicadas ao setor, como as que ali estavam. (W.A.)
Obra do Ifes se arrasta desde 2012
Prometida, em 2012, para a região de Cachoeirinha de Itaúnas, onde chegou a ser comprado um terreno, no valor de R$ 707 mil, com 565.000 m², a obra acabou indo para o Valão Fundo por exigência do prefeito anterior, Luciano Pereira. Fontes do site ocontestado.com e vozdabarra.com.br afirmam que o terreno onde estava sendo construído o Ifes seria próximo de outro que pertencia à família Pereira.
O terreno do Valão Fundo tem área de 2.313.48 m², e já foram feitas várias benfeitorias, como restauração de uma casa antiga, readequação de todo o projeto, da entrada principal e inclusive da rede de extensão de energia elétrica para todo o campus.
O local era de propriedade do empresário Hiram Coimbra, que tem cedido várias partes de suas terras para obras importantes para a cidade, como o Lar de Idosos, que será construído nas proximidades. (W.A.)
Ifes envia nota à Redação
Depois de provocarmos a reitoria do Ifes em Vitória, o enviou nota de esclarecimento à nossa redação: Veja a íntegra:
O Ifes Campus Barra de São Francisco, sobre as obras da nova sede do campus, esclarece que foi necessário rescindir unilateralmente o contrato com a empresa contratada para prestar o serviço, após apurar problemas apresentados na execução da obra, com fornecedores e também em outros contratos assinados pela empresa. Respeitados todos os prazos processuais, a empresa foi multada e hoje não possui vínculo com a instituição.
No momento, o Ifes, campus Barra de São Francisco já fez a chamada da segunda colocada no processo licitatório e a expectativa, caso os documentos estejam válidos, é que a nova empresa assuma a obra ainda no mês de agosto.
Devido à eficiência na tomada de decisões e providências, a instituição trabalha para manter a previsão de conclusão da obra até 2020, conforme cronograma inicial.