Cerca de 300 mineiros, incluindo o atual governador de Minas Gerais, Romeu Zema, tiveram seus passaportes e cidadanias italiana cassados no final do mês passado. A lista, divulgada hoje, 3, pelo jornal O Tempo, de Belo Horizonte, mostra também nomes de pessoas da região leste de Minas Gerais, como Governador Valadares, Resplendor e Ipatinga.
A assessoria de imprensa de Zema informou que “o Governo de Minas não se pronuncia quanto às questões de cunho particular do chefe do Executivo”.
Em fevereiro de 2018, quando ainda era candidato ao Executivo estadual e surgiram denúncias de suposta falsidade em seu passaporte italiano, ele afirmou que não se envolveu pessoalmente no processo, pois contratou um escritório de advocacia para cuidar de seu pedido.
A operação da polícia da Itália no país ocorreu no final do mês passado e buscou pessoas que obtiveram a cidadania italiana de forma irregular pelo esquema. A polícia prendeu no dia 26 de março, ao menos sete brasileiros e um padre suspeitos de atuar em um esquema ilegal de concessão da cidadania italiana. As detenções ocorrem no âmbito da megaoperação Super Santos, que investigou as fraudes por mais de um ano.
As apurações apontam que mais de 800 cidadanias e 200 passaportes foram emitidos pelo grupo, que atuava na província de Verbano Cusio Ossola, no norte da Itália. Segundo as autoridades, esses 800 brasileiros terão seus documentos italianos anulados.
Entre os brasileiros que perderam o passaporte, estão juízes, promotores e um jogador da Chapecoense que morreu no acidente de 2016. Eles podem responder por corrupção ativa, falsidade ideológica e ficar com o nome sujo perante os órgãos públicos italianos.
De acordo com a polícia italiana, os documentos foram emitidos com o intermédio de organizações criminosas que cobravam cerca de € 4.000 a € 7.000 (cerca de R$ 30 mil) pelos trâmites. O esquema envolvia propina a cartórios, servidores públicos e policiais italianos corruptos, tráfico de influência, lavagem de dinheiro, tráfico de pessoas, tráfico de drogas, evasão de divisas e o uso de documentos e de residências falsas. (Weber Andrade com jornal O Tempo)