A mulher mais idosa viva no Espírito Santo, dona Maria Rita Pereira, 114 completados no último dia 15, vai se tornar Cidadã Francisquense, em breve. Nascida em Mutum (MG), ele mora em Barra de São Francisco há cerca de 35 anos, no bairro Nova Barra.
Maria Rita se tornou mais conhecida em todo o Espírito Santo depois que o jornalista José Caldas da Costa, que mora na Grande Vitória veio a Barra de São Francisco conhecê-la e entrevista-la. Antes ela já tinha sido destaque no site ocontestado.com.br, mas foi a coluna do jornalista Leonel Ximenes, em A Gazeta, que a tornou conhecida em todo o Espírito Santo, repercutindo a matéria especial do colega José Caldas da Costa para O Contestado.
Recentemente, dona Maria Rita voltou a ser destaque na mídia estadual por ter sido a primeira idosa de Barra de São Francisco a tomar a vacina contra a Covid-19, uma ação feita pela Secretaria Municipal de Saúde, por ordem direta do prefeito Enivaldo dos Anjos (PSD).
A homenagem na Câmara Municipal foi proposta pelo presidente da Casa, vereador Lemão Vitorino (PSD), que disse ter ficado sensibilizado com o fato de termos uma das mulheres mais idosas do Brasil e do mundo, residindo no município.
“Quando soube da história dela, de mulher rural, trabalhadora e da sua longevidade, não tive dúvidas e vou propor aos meus colegas vereadores, a concessão do Título de Cidadã Francisquense para ela, na primeira sessão ordinária do Legislativo.” conta Lemão Vitorino.
Saiba mais sobre dona Maria Rita
Dona Maria Rita Pereira nasceu na região do Contestado, em 15 de janeiro de 1907, no município hoje conhecido por Mutum (MG).
Maria Rita veio, inicialmente para a região leste de Minas, ainda bem jovem, montada em lombo de burros ou mulas, únicos meios de transporte de alimentos e outras provisões daquele tempo e morou por vários anos em São João do Manteninha (MG).
As tropas saíam da região de São Manoel do Mutum em direção ao “norte”, como era chamado o promissor Patrimônio de São Sebastião (hoje Barra de São Francisco), subindo pelo rio José Pedro, até alcançar o rio Manhuaçu, onde atravessavam o rio Doce, em balsas e seguiam por Baixo Guandu e Pancas, ou mesmo por Resplendor até alcançarem a região.
Ela também viveu em Ecoporanga durante um tempo e, pelos cálculos da filha, Zenilda, a dona Santa, vive em Barra de São Francisco há cerca de 35 anos
Casou-se com 25 anos de idade, ainda em Mutum (MG). A idade do primeiro casamento é calculada com base na idade da filha mais velha, Maria Pereira da Silva, que, se viva fosse, estaria com 86 anos. Depois dessa, vieram Ozias, que morreu aos 7 anos de idade, José Raimundo, que teria 84 anos, Zenilda Rita de Jesus, a dona Santa, única viva, com 71 anos, e Zenildo, que teria 69 anos. Este, ficou 30 anos sumido para Rondônia, até o reencontro com a família, pouco antes de morrer.
O primeiro esposo chamava-se Raimundo José Pereira, que é o pai de todos os filhos dela. Depois que este morreu, coincidentemente, casou-se com outro Raimundo José Pereira, mas ficou viúva novamente, depois que este foi envenenado.
Entre os dois Raimundos, ainda teve outro marido, que chamava-se Albertino e morreu com 76 anos.
O último marido o outro Raimundo José Pereira, que tinha o mesmo nome do primeiro, morreu aos 70 anos, quando dona Rita já tinha 98.
“Se a gente deixasse, ela teria arrumado outro”, conta a neta Rosineia, 48 anos, filha de Zenilda Rita de Jesus, 71 anos, conhecida como Santa, e única filha viva de dona Rita e com quem mora. “Se levar no forró, ela ainda dança”, completa dona Santa. O pai de Santa, o primeiro Raimundo José, morreu com 45 anos e o segundo marido, Albertino, morreu com 76.
Hoje ela tem cerca de 100 descendentes, em seis gerações, a maioria deles radicada no Mato Grosso e Rondônia.
Sem ter estudado, dona Maria Rita criou todos os filhos na roça, trabalhando em serviços como capina, plantio de fumo – o pai era produtor de fumo – e ajudando os pais nos afazeres domésticos.
Dona Maria Rita Pereira assumiu a liderança de pessoa mais velha do Espírito Santo com a morte de Esberta Evangelista dos Santos, a dona Caçula, em São Mateus, onde nasceu e viveu. Dona Caçula já estava muito debilitada, em cima de uma cama, como registrou o jornal local Tribuna do Cricaré. De acordo com o historiador Eliezer Nardoto, “dona Caçula morreu há seis meses”, pouco depois de completar 115 anos no dia 18 de janeiro de 2020.
Terceira mulher mais velha do Brasil, dona Maria Rita tem à sua frente dona Severina Conceição, nascida em 7 de janeiro de 1904, e que completou 116 anos em 2020, e dona Inocência Vieira de Jesus, de Paulo Afonso (BA), nascida em 16 de julho de 1906. Ela é apenas seis meses mais velha que dona Maria Rita. (Weber Andrade)