Um entregador de mercadorias de um supermercado da Vila Landinha reclamou esta semana que quase teve o pescoço cortado por uma linha de pipa com cerol ao circular pelo bairro. Logo vieram outros depoimentos de pessoas próximas que também já tiveram incidentes com as linhas de pipa nos últimos dias. Na verdade, todos os anos, quando vai chegando o mês de agosto, conhecido como o “mês dos ventos”, a arte de empinar uma pipa ou “papagaio” começa a ser postam em prática por todos os lados.
O maior perigo é para os motoqueiros, que nem sempre têm proteção contra as linhas, como as antenas, que podem impedir um acidente. Mas a linha pode atingir até mesmo pedestres descuidados, já que muitas vezes as linhas estão na altura do nosso corpo.
É uma brincadeira saudável e bastante praticada por crianças e até mesmo adultos, mas a competição leva alguns a quererem mais do que empinar uma pipa. Eles acabam usando linhas com cerol ou as famigeradas ‘linhas chilenas’ para tentar derrubar a pipa do concorrente e acabam provocando acidentes.
Isso quando os brinquedos não ficam agarrados à rede elétrica e a molecada, no afã de retirar o brinquedo acabam esquecendo os grandes riscos de tocar na rede distribuição.
No Espírito Santo existe lei que proíbe a fabricação e comercialização de linhas com cerol, bem como uma pesada multa (R$ 2,6 mil) para quem usa cerol ou linha chilena nas pipas. Mas a lei parece que foi feita para ser desobedecida.
A EDP, distribuidora de energia elétrica Espírito Santo, reforça orientações para um brincar seguro, principalmente longe das redes elétricas. A empresa afirma que só em 2018 foram registradas 1.263 ocorrências de pipas na rede elétrica, deixando mais de 233 mil clientes sem energia por alguns momentos ou horas.
Segundo a Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee), as pipas foram a quinta maior causa de mortes relacionadas a energia elétrica no país entre 2009 e 2017, atrás de construção/manutenção predial, ligações clandestinas, instalação de antenas e poda de árvores. No período foram registrados 77 óbitos.
Vilmar Teixeira, gestor executivo da EDP, reforça a importância da prática segura da brincadeira. “Trabalhamos para restabelecer o fornecimento de energia o mais rápido possível, mas nossa preocupação maior é com a segurança. Sabemos que o cerol ainda é muito utilizado e, por ser composto de pó de vidro, é altamente condutor de energia, podendo causar sérios acidentes com quem está brincando e com outras pessoas.”
Um acidente causado por descarga elétrica pode deixar sequelas como queimaduras e, em casos mais extremos, causar a morte. (Weber Andrade com EDP e Agência Brasil)