No início deste ano, pelo menos um jovem foi morto em Barra de São Francisco, no bairro Colina e pelo duas tentativas de homicídio – uma no bairro Colina, contra uma jovem de 16 anos e outra no Nova Barra, contra um jovem de 24. Assim como em Barra de São Francisco, as mortes violentas ocorridas em 2019, são com jovens envolvidos com o tráfico de drogas. De acordo com dados da Secretaria de Segurança Pública (Sesp) 41% das mortes violentas no Espírito Santo este ano registradas pela são de jovens com idades entre 16 e 24 anos. Ao todo, foram 82 assassinados, o que reflete em mais de um caso por dia.
A principal causa para o assassinato desses jovens é o envolvimento com o crime. A especialista em segurança pública Maria Ângela Soares, que estuda a violência entre a população jovem, explica que isso aponta para uma falha da família, o poder público e a sociedade. Esse processo, ela considera como um fenômeno social.
“A juventude perdeu a referência de instituições porque o mundo atual é regido pelo mercado e consumo. A responsabilidade pelo acolhimento e proteção da infância e juventude é da família, Estado e sociedade. Se esse problema está acontecendo é porque esses papéis foram negligenciados”, argumenta Soares.
A especialista explica que os papéis de responsabilidade pelos jovens foram negligenciados por causa do forte senso de individualismo que rege a sociedade. Ela informa ainda que é poder de compra é o que situa as pessoas socialmente.
“As pessoas se inserem na sociedade pelo que elas têm. Sonhar em ter coisas, todo jovem, independente da classe social, sonha em ter. A juventude negra e parda e pobre, que são os que mais morrem nesses assassinatos, também querem ter esse consumo. Infelizmente, o caminho mais curto é a boca de fumo do outro lado da rua”, revela a especialista.
O tempo curto de vida de quem segue o caminho do crime também não é um problema, diz Maria Ângela. “Eles têm consciência disso. A morte faz parte do script da vida. O crime é muito sedutor de uma sociedade regida do mercado, porque as outras instituições somem dentro do valor comercial que perpassa a vida das pessoas”.
Como mudar – Apesar de considerar um quadro difícil de ser revertido. Maria Ângela explica que é necessário políticas públicas inclusivas que impeçam que esses jovens ingressem no sistema socioeducativo. Apresentado para esses adolescentes em vulnerabilidade social outras possibilidades através da arte, música e esporte.
“A juventude precisa ser ouvida para que sejam formuladas políticas públicas inclusivas. O direito e a cidadania não podem ser negligenciados. O jovem deve poder sonhar com outras possibilidades. O futuro é uma grande interrogação, mas pode ser trabalhado com projetos de protagonismo juvenil que sejam diferentes da escola, onde tudo é obrigatório”, explica. (Weber Andrade com Secom/ES e G1 Espírito Santo)