As quatro médicas cubanas que estão trabalhando em Barra de São Francisco devem se despedir da cidade até o fim deste mês. As médicas, muito queridas em todos os locais onde trabalham, devem assinar hoje, 20, a demissão do Programa Mais Médicos. Elas atenderam durante anos no bairro Colina, Vargem Alegre, Monte Senir e Vila Paulista.
Além de Barra de São Francisco, várias outras cidades vizinhas contavam com o serviço médico dos profissionais de Cuba: Ecoporanga, Mantenópolis, São Gabriel da Palha e Vila Pavão são alguns deles. Em todo o Espírito Santo existem 220 médicos cubanos trabalhando.
Na região leste de Minas Gerais deverão ser substituídos os profissionais que trabalham em Itabirinha e São Félix de Minas.
Com a decisão do governo cubano de retirar seus profissionais do programa, devido ao que consideram agressão do futuro presidente da República, Jair Bolsonaro contra os profissionais do seu país, o governo federal apressou-se em publicar novo edital de contratação, que foi publicado hoje, 20, no Diário Oficial da União seção 3, página 134.
A publicação ocorre no dia seguinte ao anúncio do Ministério da Justiça de que serão ofertadas 8.517 vagas para atuação em 2.824 municípios e 34 áreas indígenas, antes ocupadas por médicos cubanos.
O edital prevê a contratação de cinco profissionais para São Gabriel da Palha, quatro profissionais para Ecoporanga, outros quatro para Barra de São Francisco, um para Mantenópolis e outro para Vila Pavão.
Para o secretário de Saúde de Barra de São Francisco, Ronan César Godoy da Costa, a saída dos profissionais cubanos trará perda imediata de qualidade nos serviços, já que eles são formados pelo menos em duas especialidades e têm grande experiência com o público mais carente. “Acredito que o governo vai contratar preferencialmente médicos ainda em formação (residência) ou que tenham feito curso no exterior e tenham conseguido validar o diploma no Brasil”, observa ele.
Redução – Em 2016, houve a decisão de reduzir a participação dos profissionais cubanos no Mais Médicos de 11.400 para 8.332. Segundo o Ministério da Saúde, além dos médicos ativos, também serão substituídos 185 profissionais da cooperação que estavam no período de recesso ou tenham encerrado a participação.
A relação de todos os locais para os quais serão destinadas as vagas está no edital. O texto apresenta em detalhes os oito perfis das localidades que poderão ser escolhidas pelos profissionais que se candidatarem ao programa.
Para os médicos que trabalharão em áreas indígenas, haverá escalas das Equipes Multidisciplinares de Saúde Indígena (EMSI), cuja permanência no território poderá ocorrer por períodos de 32 horas semanais – 10, 15 e até 30 dias.
Remuneração – Os profissionais selecionados receberão salário de R$ 11.865,60 por 36 meses, com possibilidade de prorrogação. As atividades dos médicos incluem oito horas acadêmicas teóricas e 32 em unidades básicas de saúde.
Como há vagas em áreas distantes, será repassada ajuda de custo para o médico que solicitar. Além do requerimento, o profissional deverá anexar comprovantes de residência no local.
Inicialmente, estão abertas vagas para os médicos brasileiros com inscrição no Conselho Regional de Medicina (CRM) ou com diploma revalidado no país. Os profissionais podem se inscrever no site maismedicos.gov.br.
A previsão é de que um grupo comece a trabalhar no próximo dia 3 de dezembro. Ontem, 19, o ministro da Saúde, Gilberto Occhi, disse que a preocupação é garantir a chegada imediata dos profissionais nos locais em que haverá vagas.
Emergencial – A publicação do edital foi definida pelo governo federal no esforço de assegurar assistência nos locais onde estavam os profissionais cubanos. O Ministério da Saúde Pública de Cuba, por meio da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), comunicou o rompimento do acordo de cooperação no Mais Médicos.
O Ministério da Saúde estima que no próximo dia 27 haverá a abertura de nova chamada para os médicos brasileiros formados no exterior e estrangeiros. (Weber Andrade com Agência Brasil)