A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, que esteve na Fazenda Kubit, em Águia Branca na manhã desta sexta-feira, 24, a convite do secretário estadual de Agricultura, Paulo Foletto e do governador Renato Casagrande, para o lançamento do 12º Marco da Colheita do Café Conilon, fez um discurso “na medida” para agradar a centenas de agricultores familiares presentes ao evento.
Além de acenar com a possibilidade de refinanciamento da dívida dos agricultores e com a revisão do preço mínimo do café conilon, a ministra afirmou, em seu discurso que, apesar do Ministério da Agricultura (MA) ter absorvido o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), a prioridade de sua gestão será a agricultura familiar, que ficava sob a gestão do MDA.
“Nossa gestão será voltada para os agricultores familiares e para a melhoria das condições de vida no campo. A população rural está envelhecendo e precisamos oferecer condições para que os filhos dos agricultores permaneçam no campo”, disse ela.
A ministra disse ainda que em sua gestão não vai faltar recursos para a agricultura familiar. Os grandes produtores têm outros meios de obter recursos”, disse ela, que é fazendeira na região centro-oeste do país, onde predomina os grandes latifúndios.
Tereza Cristina disse ainda ter ficado muito satisfeita com o que viu no Espírito Santo e prometeu negociar todos os pontos colocados pelos agricultores capixabas, lamentando que o estado tenha passado por uma situação tão crítica nos últimos quatro anos em relação à água.
Protestos – Apesar de não ter sido vaiada em nenhum momento, a ministra viu muitos agricultores familiares protestando contra sua gestão e contra a reforma da Previdência. As faixas lamentavam a maneira como a reforma está sendo feita e também a liberação de mais de centena de patentes de agrotóxicos neste início de ano.
Para o prefeito de Barra de São Francisco, Alencar Marim, o discurso da ministra em relação à agricultura familiar não convenceu. Alencar salienta que, se o fato de o governo atual ter acabado com o MDA e a liberação de tantas patentes de agrotóxicos indicam uma posição antagônica ao discurso da ministra em Águia Branca.
Um agricultor familiar de Águia Branca, que pediu para não ter seu nome divulgado disse que ficou esperançoso com o discurso da ministra mas também mostrou dúvidas em relação à sinceridade dela. “O discurso me pareceu muito adequado ao momento, mas não é o que temos visto na prática”, disse. (Weber Andrade com fotos da Secom/ES)