Nove pessoas foram presas em Governador Valadares e mais seis cidades do Leste de Minas Gerais em uma operação da Polícia Federal, na manhã nesta quinta-feira, 3, para combater a migração ilegal de brasileiros para os Estados Unidos. Outros dois alvos são procurados e 21 mandados de busca e apreensão foram cumpridos.
A operação, batizada de Cai-Cai, prendeu ex-prefeitos, um prefeito eleito e um vice-prefeito em final de mandato. Os nomes deles não foram divulgados.
Os mandados expedidos pela Justiça Federal de Governador Valadares são cumpridos em Alvarenga, Campanário, Engenheiro Caldas, Governador Valadares, Piedade de Caratinga, Tarumirim e Virginópolis.
Segundo o site ocontestado.com apurou, esquema semelhante existe na região de Divino das Laranjeiras, Itabirinha e Mantena, também envolvendo políticos – um deles chegou a disputar a eleição para prefeito este ano, em uma cidade do Espírito Santo.
Segundo fontes do nosso site em Governador Valadares, a Polícia Federal tem vigiado e investigado vários agentes políticos da região de divisa com o Espírito Santo, onde a migração ilegal tem forte esquema envolvendo empresários – cujos negócios teriam sido montados com dinheiro da exploração de migrantes – e agentes políticos.
“É comum esses traficantes de pessoas para os Estados Unidos, usarem o dinheiro ganho em campanhas políticas e compra de empresas, como forma de lavar o dinheiro. Essa situação é muito comum na região e vários ‘coiotes’ que andaram levando gente para os EUA acabaram se elegendo prefeito ou construindo patrimônio na região”, afirma um político de Governador Valadares, que pediu para não ter seu nome divulgado.
Segundo a Polícia Federal, os criminosos promoviam migração ilegal, associação criminosa e envio ilegal de criança ou adolescente para o exterior, cobrando até 22 mil dólares por interessado.
Segundo a apuração do esquema, feita por agentes policiais que atuam no México, cada adulto que ingressava ilegalmente nos EUA ia acompanhado de uma criança ou adolescente. O objetivo dessa ação era evitar uma deportação imediata, dando mais tempo para permanecerem no país.
“Os viajantes, sob sérios riscos, enfrentavam condições desumanas, eram forçados a corromper autoridades da imigração mexicana e ficavam submetidos aos guias denominados coiotes – criminosos, majoritariamente armados, responsáveis pela definição das rotas arriscadas de travessia de fronteira”, explicou a PF.
Se condenados, os presos e demais investigados podem cumprir até 16 anos de prisão, sujeitos a aumento de pena, condicionado à quantidade de crimes.
“Na primeira fase da Operação “Cai-Cai”, um dos réus foi condenado a 127 anos, tendo sido identificados 270 crimes”, finalizou a Polícia Federal em nota.
O início
As investigações começaram no início de julho de 2019, após a delegacia da Polícia Federal em Valadares receber informações sobre a prática do crime. Naquele mês, duas pessoas foram presas nas cidades de Tarumirim e Sardoá. (Weber Andrade com G1)