Um possível surto de leishmaniose na região do córrego Miracema, provocou a vinda de uma equipe da Secretaria Estadual de Saúde (Sesa) a Barra de São Francisco, recentemente. A informação de que havia vários cães e cadelas com a doença naquela região começou a circular nas redes sociais e provocaram a mobilização da Vigilância em Saúde (VS), da Prefeitura de Barra de São Francisco que, por sua vez, acionou a equipe especializada da Sesa.
Foi a feita a coleta de mosquitos e sangue dos cães infectados, para análise no Laboratório Central da (Lacen), da Sesa.
A Vigilância Sanitária não chegou a divulgar o número de animais que estão ou podem estar contaminados, mas disse que recomendou aos proprietários sacrificar os animais, já que a doença é altamente transmissível.
Também não foi divulgado pela VS se proprietários de cães ou pessoas da comunidade estão infectadas pela doença.
O que é a leishmaniose?
Existem basicamente dois tipos da doença: A leishmaniose tegumentar americana e a leishmaniose visceral. A doença é transmitida ao homem pela picada do mosquito flebótomo e causa feridas na pele e nas mucosas da face.
Segundo a referência técnica em leishmaniose humana do Núcleo de Vigilância Epidemiológica da Sesa, a doença se apresenta na forma tegumentar, que afeta a pele e as mucosas da boca, da laringe, da faringe e do nariz, e na forma visceral, que acomete os órgãos internos, principalmente o fígado, o baço e a medula óssea.
“A leishmaniose visceral é o tipo mais grave. Se não for tratada a tempo, pode levar à morte em 90% dos casos. Já a leishmaniose tegumentar, apesar de não ser letal, forma feridas na pele e na mucosa. A doença vai destruindo a região afetada e pode causar grandes deformidades no rosto e em outras partes do corpo.”
A leishmaniose é causada por parasitas do gênero Leishmânia e é transmitida ao homem pela picada do mosquito flebótomo, que apresenta cor amarelada e costuma picar no entardecer e no início da noite (mesmo horário do mosquito transmissor da dengue). A transmissão da doença para o ser humano ocorre quando o mosquito pica um animal infectado e depois pica o homem.
Para ambas as formas de leishmaniose existe tratamento gratuito disponível na rede de serviços do Sistema Único de Saúde (SUS). O diagnóstico é feito a partir das unidades básicas de saúde e, assim que a doença é detectada, seja a forma tegumentar ou visceral, iniciam-se os cuidados. A recuperação do paciente depende de diferentes fatores, como a realização do diagnóstico precoce e a introdução rápida do remédio, a adesão ao tratamento e a resposta do organismo de cada pessoa.
Como prevenir
De acordo com a referência técnica em leishmaniose humana da Secretaria de Estado da Saúde, a Leishmânia encontra-se na natureza e se hospeda e se reproduz no organismo de animais silvestres como preguiça, tamanduá, raposa e roedores, e também de animais domésticos como cavalos, mulas e cães, este último um dos principais reservatórios do parasita nas áreas urbanas.
A leishmaniose está presente em grande parte do Brasil e atinge também outros países nas Américas, na África, na Ásia e na Europa, com casos registrados inclusive em Portugal, Espanha e França. Ele ressalta que, assim como na dengue, a melhor maneira de se evitar a leishmaniose é com prevenção, e o apoio da população no combate à doença é essencial.
Para evitar que os quintais e as áreas próximas às residências tornem-se criadouros do mosquito flebótomo, deve-se limpar os quintais periodicamente, retirando matéria orgânica em decomposição, como folhas, frutos e fezes de animais, além de outros entulhos que favoreçam a umidade do solo.
Recomenda-se também limpar os abrigos dos animais domésticos, como casinhas de cachorro, currais e galinheiros, e descartar adequadamente o lixo orgânico a fim de não atrair os mosquitos para a área residencial.
Quem mora ou está em áreas de risco, ou seja, em localidades rurais ou regiões urbanas próximas a matas, deve usar cortinado, instalar telas de proteção contra mosquitos em portas e janelas, usar repelente e vestir roupas de manga comprida. (Weber Andrade com Sesa e Secom/ES)