Quem assiste aos filmes que estão sendo exibidos na praça Senador Atílio Vivácqua, dentro da programação do Natal de Luz e Paz, não sabe que a arte cinematográfica já foi uma das principais atrações da cidade. Foi por volta de 1948 que a população do recém emancipado município de Barra de São Francisco tomou contato com o cinema. O fato é narrado pelo teólogo, jornalista, radialista e historiador Jader Alves Pereira, nascido em Barra de São Francisco, mas hoje radicado em Teixeira de Freitas, na Bahia, em seu livro São Chico e sua história em cordel: “Até em 48/Só tinha forró pro afoito/Sertanejo, roda e fado/Chegou o Edmundo Melo/ Trouxe o circo e filme em tela/Sua presença revela/ Motor, luz, som e alegria/O gozo é inconteste/Com os filmes de faroeste/Que ele nas noites exibia.”
Mas foi em 1950 que o cinema “de verdade” chegou à cidade com o empresário Ranulfo Ximenes, que montou um cinema “fechado” – o do Eduardo Melo era na rua – no prédio da esquina da avenida Jones dos Santos com a travessa Cecília Agostinho. O local era ponto de encontro da sociedade e assim se manteve até o final da década de 70.
“Dois anos depois em 50/É bom ligar as sirenes/Chega Ranulfo Ximenes/E monta cinema fechado/Edmundo ainda atua/Mas cinema assim na rua?/Fica logo descartado./E por falar em cinema/O histórico não é findo/Ainda tem o Gumercindo/Que entra nessa disputa/Ele que é mestre e operoso/ Mantém um espaço gostoso/O seu Ita Cine Uta”, conta o escritor de cordel.
Em 1960 chegava a Barra de São Francisco a família Dematté, proveniente do município de Santa Teresa. O patriarca João Dematté, inicialmente montou um bar, no quarteirão entre a travessa Cecília Agostinho e a rua da Rodoviária (hoje rua Alceu Antônio Melgaço). Cinco anos depois ele comprava o cinema do empresário Ranulfo Ximenes que se mudaria para Montanha.
A narrativa de Jardel Pereira continua: “Em 65 Ximenes/se muda mais para o norte/O seu cinema que é forte/E é o rei da matinê/Agora é da italianada/Pois a casa foi comprada/Pelo clã dos Dematté.”
Nesta sexta-feira, 21, o site O Contestado e sua versão jornal online, além do parceiro Voz da Barra, publicam matéria especial sobre o cinema em Barra de São Francisco. (Weber Andrade)