Apesar da desconfiança pelo cancelamento do seminário que seria realizado na cidade, no próximo dia 15, para apresentação dos projetos de construção do megaporto da Petrocity, em São Mateus, e da nova ferrovia Estrada de Ferro Minas-Espírito Santo, que ligará Sete Lagoas (MG) à cidade litorânea, o assunto tem frequentado o imaginário popular e as rodas de bate-papo na cidade.
Um dos principais temas em debate tem sido o trajeto da ferrovia, que cortará todo o município e deverá gerar indenizações aos proprietários de terras, além de passar nas proximidades de algum distrito ou mesmo da sede do município, o que poderia gerar oportunidades de emprego e renda para os cidadãos locais.
Para o corretor de imóveis Marcos Peres, ainda é cedo para falar na questão imobiliária da futura ferrovia. Ele salienta que vai depender muito do trajeto da ferrovia, se passará ao sul ao norte da sede do município, a qual distância da sede e a localização da Unidade de Transbordo e Armazenamento de Carga (Utac), que deverá gerar um espaço de crescimento imobiliário na cidade.
Para muitas pessoas ouvidas pelo site Voz da Barra, o trajeto da ferrovia deverá passar pelo região de Cachoeirinha do Itaúnas, para outras, a “linha do trem” vai passar perto de Vargem Alegre, que fica mais próxima da sede, mas todos acreditam que o empreendimento ficará mesmo ao sul da sede, embora os maiores empreendimentos que utilizarão a ferrovia -as mineradoras – estejam espalhadas pelos quatro cantos do município.
Para o prefeito Alencar Marim, independente do trajeto da ferrovia no município, ela será importante para alavancar o desenvolvimento econômico da cidade e da região, trazendo benefícios diversos como empregos, oportunidades de negócios, preservação das rodovias, entre outros benefícios.
Outro entusiasta da ferrovia é o deputado estadual Enivaldo dos Anjos, que estava apoiando a realização do seminário em Barra de São Francisco por intermédio da Casa dos Municípios na Ales. Enivaldo, logo que soube do empreendimento, disse que esse era um antigo sonho dele, ver a ligação de Barra de São Francisco à região portuária de São Mateus através de uma ferrovia, o que agora está próximo de se concretizar.
A grande expectativa pela ferrovia, que passará por Mantena (MG) e cortará os municípios de Barra de São Francisco e Nova Venécia terá mais um capítulo no dia 17 deste mês, em Vitória, quando serão assinados os contratos com os parceiros da empresa para a construção do Complexo Portuário de São Mateus.
A parte principal ficará com a Odebrecht, que terá R$ 2,1 bilhões para a construção do porto, cujo custo final está projetado em R$ 3,2 bilhões e empregará 2.500 pessoas nas obras civis e outras 2.000 pessoas durante a operação de construção.
A extensão final da ferrovia será de 560 quilômetros e permitirá, no futuro, a integração com a região produtora de soja para o transporte de grãos do Centro-Oeste para exportação.
O presidente da Petrocity, José Roberto Barbosa da Silva, em evento no município de Pinheiros, recentemente, citou o impulso que o empreendimento dará para o desenvolvimento das regiões norte e noroeste do Estado.
“E não apenas isso, mas também ao Leste de Minas, envolvendo o vale do Jequitinhonha, e o sul da Bahia. A implantação do porto vai interiorizar o desenvolvimento da economia, diminuir os custos de produção e, consequentemente, o preço final ao consumidor, seja o regional, o nacional ou mesmo nos produtos para exportação, aumentando a competitividade e incrementando o comércio exterior”, disse José Roberto.
Já a nova ferrovia é uma planta independente do complexo portuário, mas a ele vinculado, possibilitando a chegada da produção de rochas, minério, café, frutas, laticínios e tudo o mais que for produzido ao longo de sua área de influência.
A Estrada de Ferro Minas-Espírito Santo terá Unidades de Transbordo e Armazenamento de Cargas em Barra de São Francisco (ES), Governador Valadares, Santa Maria de Itabira e Sete Lagoas, este em Minas Gerais, e passará pelo terminal de cargas do Aeroporto Internacional de Confins, em Belo Horizonte, onde haverá uma Utac de mercadorias de alto valor agregado.
“Isso poderá possibilitar, inclusive, a exportação de automóveis produzidos na região de Belo Horizonte”, disse José Roberto Barbosa. (Weber Andrade com informações de José Caldas da Costa)