Weber Andrade
Apesar data real de emancipação do município, ser o dia 31 de outubro de 1943 e a instalação só ter ocorrido no dia 1º de março de 1944, nesta segunda-feira, 4, Barra de São Francisco comemora oficialmente o seu aniversário de 78. No entanto, o município, apelidado de Sentinela Capixaba, por causa do conflito do Contestado, com o vizinho Estado de Minas Gerais, começou bem antes, há 94 anos.
Foi em 1927, conforme os historiadores, que a região começou a ser desbravada por lavradores vindos de Minas Gerais, mais precisamente de Aimorés e Mutum, cidades que até hoje têm centenas de descendentes morando ou que construíram suas famílias por aqui, estabelecem-se na confluência dos rios Itaúnas e São Francisco,
Em 1932, ganhou o nome de Patrimônio de São Sebastião, o primeiro povoado de São Mateus, mas já em 1928, a agricultura cafeeira se expandiu com o aumento dos lavradores à procura de terras e a construção da ponte sobre o rio Doce, em Colatina. As primeiras casas eram de estuque, cobertas de palha de palmito e tábuas de madeira.
Cafeicultura: primeiro fator de
desenvolvimento econômico
A cafeicultura, que foi a primeira atividade agrícola de destaque no município, hoje, ocupa apenas a 27ª posição entre os 30 maiores produtores de café do Espírito Santo, segundo dados da Pesquisa Agrícola Municipal (PAM), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
No entanto, a área plantada e a produção deram um salto desde que o último Censo Agropecuário foi divulgado, em 2017. Naquela altura, o município tinha 4.252 hectares plantados e café, sendo apenas 19 hectares de arábica e uma produção de 5,3 mil toneladas.
Na PAM divulgada em setembro último, a área plantada aumentou apenas 18,5%, passando de 4.252 para 5.oo5 hectares. No entanto, a produção aumentou de 5,3 mil toneladas para 11.813 toneladas, ou seja, crescimento de 122,9%, em quatro anos.
Depois do café, vieram coco e granito
Depois da queda na produção e produtividade do café, nos anos de década de 1990, o município começou a buscar no plantio de coco, uma nova fonte de renda para a agricultura. Até meados dos anos 2.000, Barra de São Francisco era um dos maiores produtores de coco do Estado, com a produção concentrando-se na região de Paulista, onde Jaime Neri, ex-vice-prefeito de Enivaldo dos Anjos (PSD), em seu primeiro mandato, liderou a industrialização da água de coco.
Mas, também nessa época, o granito começou a se tornar uma das maiores fontes de geração de emprego e renda no município. Empresas de mineração da região de Cachoeiro do Itapemirim começaram a abrir filiais na cidade e muitos francisquenses enriqueceram rapidamente, com a exploração das jazidas.
Hoje, Barra de São Francisco responde pela maior parte do granito produzido no Espírito Santo e se tornou referência mundial em granitos de qualidade.
Já denominado Capital Capixaba do Granito, Barra de São Francisco poderá receber em breve, o título de Capital Nacional do Granito.
Joaquim Alves de Souza
Prefeito por dois mandatos, Joaquim Alves de Souza, que hoje empresta o nome do estádio municipal construído por ele no Campo Novo, já apregoava a pujança econômica do município nos últimos anos da década de 1960.
Um vídeo que circula nas redes sociais, e provavelmente já foi visto pela maioria dos adultos francisquenses com mais de 50 anos, mostra que o município já buscava a liderança econômica da região noroeste capixaba desde os primeiros anos de existência. O vídeo, em preto e branco, com narrativa profissional, fundo musical marcial e outros efeitos típicos do cinema, mostra os primeiros meses do segundo mandato de Joaquim Alves de Souza, em setembro de 1967.
Assista ao vídeo
https://www.facebook.com/fiscalpovo46/videos/3268337433196601/?t=1
O locutor começa a narrativa relatando o “surto” de progresso da cidade e fala da vontade do prefeito de levar o município “ao comando da região norte”. Em seguida, são mostradas várias ações, como a inauguração de uma escola no ainda distrito de Água Doce, a iluminação das ruas de Barra de São Francisco com lâmpadas a vapor de mercúrio, entre outras.
Pode-se observar, no vídeo, a Matriz de São Francisco de Assis, inaugurada pouco depois, em 1969, ainda em construção, o desfile cívico escolar tradicional em setembro, além da presença do vice-governador Isac Rubim, que representava o governador Cristiano Dias Lopes Filho.
Constam como obras de Joaquim Alves o calçamento das duas avenidas principais da cidade, construção da segunda hidrelétrica, no distrito de Governador Lacerda de Aguiar (Rio Preto), iluminação a vapor de mercúrio nas avenidas e compra do terreno para construção do estádio no Campo Novo, que hoje leva o nome dele.