“Barra de São Francisco caminha a passos largos para se tornar uma cidade inteligente”, afirmou hoje, 2, em audiência pública no auditório da Secretaria Municipal de Educação (Semec), o professor adjunto do Departamento de Estatística da Universidade Federal de Viçosa (UFV), Gerson Rodrigues dos Santos, especialista em Estatística Espacial Aplicada e Geoestatística, que atua em áreas como planejamento e análise de experimentos, agricultura de precisão, estatística espacial, geoestatística, reconhecimento de padrões e visão artificial.
Gerson, que é natural de Carlos Chagas, na divisa de Minas Gerais com o norte do Espírito Santo, coordenou o projeto de georreferenciamento do município. O projeto foi apresentado a um grupo seleto, mas representativo da sociedade francisquense.
Ele explicou que o projeto de georrefenciamento é a ferramenta fundamental para o planejamento de uma “cidade inteligente” e que muitos municípios de grande porte não possuem. “Muitos grandes municípios do Espírito Santo e do país, hoje, estão com inveja de Barra de São Francisco”, sustenta. (Saiba mais sobre cidades inteligentes no final do texto).
O prefeito Alencar Marim, que abriu o evento, destacou que esse projeto é uma ferramenta fundamental para o planejamento de políticas públicas em todos os setores da administração municipal, como saúde, educação, segurança pública, saneamento básico e outros. “Não se trata de um projeto com foco meramente tributário, mas de planejamento geral com as ferramentas mais modernas que se tem hoje.”
Ainda de acordo com o prefeito Alencar Marim, o projeto proporcionará aos próximos gestores municipais, instrumentos para o planejamento de projetos, cadastros ou implantação de obras, além de agilizar o processo de regularização fundiária, que já vem sendo desenvolvido desde o início da sua gestão e pretende entregar mais de 500 títulos definitivos (escrituras) de propriedades de imóveis na Sede do município.
“O projeto promoveu a criação do Cadastro Multifinalitário Urbano, através de drones (RPA), geoprocessamento e geoestatísca, e vai permitir o recadastramento imobiliário, a identificação exata de logradouros urbanos, geocodificação das unidades imobiliárias e implementação de Sistema de Informação Geográfica (SIG)”, explicou professor da UFV, Gerson Rodrigues dos Santos, em sua explanação.
O cadastro multifinalitário é apresentado como um cadastro básico, que contém informações comuns aos diversos usuários da informação cadastral e possibilita a integração de cadastros temáticos variados como de logradouros, fiscal, de infraestrutura (concessionárias, equipamentos urbanos) e legal (registros imobiliários) e muitos outros.
De acordo com a Cartilha de Desenvolvimento Urbano do Conselho Federal de Engenharia (Confea), as aplicações do cadastro têm evoluído dos fins exclusivamente fiscais para diversas outras finalidades, principalmente de planejamento e ambientais.
O cadastro multifinalitário passa, assim, a ser valorizado como um instrumento importante para um planejamento eficiente, principalmente para a otimização da utilização de recursos sempre escassos.
O enfoque atual é na cidade criativa e sustentável, que faz uso da tecnologia em seu processo de planejamento com a participação dos cidadãos. (Weber Andrade com mundogeo.com)
O que é uma cidade inteligente?
O conceito de “cidade inteligente” nasceu nos Estados Unidos, segundo o professor Gerson Rodrigues, da UFV, que tem espalhado o conceito pelo país, onde existem, hoje, 93 municípios com a tecnologia de georreferenciamento multifinalitário.
Mas, o processo de transformação das cidades em inteligentes tem se desenvolvido também na Europa. Segundo a União Européia, as “Smart Cities” são sistemas de pessoas interagindo e usando energia, materiais, serviços e financiamento para catalisar o desenvolvimento econômico e a melhoria da qualidade de vida. Esses fluxos de interação são considerados inteligentes por fazer uso estratégico de infraestrutura e serviços e de informação e comunicação com planejamento e gestão urbana para dar resposta às necessidades sociais e econômicas da sociedade.
De acordo com o Cities in Motion Index, do IESE Business School na Espanha, 10 dimensões indicam o nível de inteligência de uma cidade: governança, administração pública, planejamento urbano, tecnologia, o meio ambiente, conexões internacionais, coesão social, capital humano e a economia.
Apesar de ser um conceito relativamente recente, o conceito de Smart City já se consolidou como assunto fundamental na discussão global sobre o desenvolvimento sustentável e movimenta um mercado global de soluções tecnológicas, que é estimado a chegar em US$ 408 bilhões este ano. Atualmente, cidades de países emergentes estão investindo bilhões de dólares em produtos e serviços inteligentes para sustentar o crescimento econômico e as demandas materiais da nova classe média. Ao mesmo tempo, países desenvolvidos precisam aprimorar a infraestrutura urbana existente para permanecer competitivos.
Na busca por soluções para esse desafio, mais da metade das cidades europeias acima de 100 mil habitantes já possuem ou estão implementando iniciativas para se tornarem de fato Smart Cities. (Weber Andrade com UFV e FGV)