O volume acumulado de chuva no início deste ano contribuiu para a redução da seca no Espírito Santo, mas o noroeste capixaba, que foi castigado pela seca nos últimos anos, continua com chuva abaixo do normal.
As informações foram constatadas pela Coordenação de Meteorologia do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper). De acordo com a última atualização do Monitor de Secas, a chuva inicialmente ficou concentrada na faixa litorânea do Estado. Só entre dezembro e janeiro é que a precipitação começou a se espalhar para outras regiões capixabas.
“Os municípios, principalmente da região noroeste do Estado, estavam enfrentando graves problemas socioeconômicos e ambientais por causa da seca: perda da produção, conflito pelo uso da água… São Roque do Canaã, por exemplo, chegou a fazer racionamento. Esta região não sofreu com a forte chuva. Os municípios sentiram os efeitos secundários, como a cheia do Rio Doce e de outros mananciais, mas não foram prejudicados pelo excesso de precipitação. Pelo contrário”, lembrou Hugo Ramos, coordenador de meteorologia do Incaper.
Thábata Brito, que também é meteorologista do Incaper, explicou que os efeitos da seca ainda são observados. “Os indicadores utilizados no traçado do mapa do Monitor apontam para um recuo acentuado na distribuição espacial e na intensidade das secas pelo território capixaba, mas ela ainda está presente no noroeste capixaba. É o que aponta a última atualização do Monitor de Secas para o mês de janeiro quando comparada ao mapa de dezembro de 2019”, explicou.
Ramos ressalta que a chuva melhorou a disponibilidade hídrica, principalmente para as culturas perenes. “Algumas áreas que ficaram alagadas, houve prejuízo, principalmente no cultivo de hortaliças. Mas para as culturas perenes, a chuva foi benéfica, porque o solo já estava muito castigado com meses seguidos de deficiência hídrica. Em quase todos os municípios capixabas, o volume de chuva acumulado tem superado a média climatológica desde o começo do verão, confirmando a tendência de normalização das chuvas divulgadas no início da estação”, acrescentou.
Sobre o Monitor de Secas
O Monitor é um processo de acompanhamento regular e periódico da situação de seca coordenado nacionalmente pela Agência Nacional das Águas (ANA). O serviço também é desenvolvido conjuntamente com diversas instituições estaduais e conta com apoio operacional da Fundação Cearense de Meteorologia e Chuvas Artificiais (Funceme). Os resultados do Monitor de Secas são divulgados por meio do mapa mensal, que consolida o diagnóstico da situação de seca a partir da colaboração dos estados integrantes do projeto e de uma rede de instituições parceiras.
Utilizados como informação e suporte às políticas públicas de combate à seca, o mapa e demais produtos do Monitor de Secas promovem o monitoramento regular e periódico da situação da seca nos nove estados do Nordeste, além de Minas Gerais, Espírito Santo e Tocantins. Por meio deste desse acompanhamento é possível compartilhar informações e bases de dados, uniformizando o entendimento do fenômeno da seca e acompanhando sua evolução, classificando-a segundo o grau de severidade dos impactos observados. Em âmbito estadual, além do Incaper, o processo de acompanhamento e validação do Monitor está sendo realizado pela Agência Estadual de Recursos Hídricos (Agerh), Defesa Civil Estadual e Companhia Espírito-Santense de Saneamento (Cesan).
Você pode conferir o último mapa do Monitor pelo site: monitordesecas.ana.gov.br, pelo aplicativo Monitor de Secas, disponível gratuitamente para download (Android e iOS). Você também pode acessar essas informações em meteorologia.incaper.es.gov.br, no campo “Monitoramento”. (Weber Andrade com Secom/ES)