A Ferj e a maioria dos clubes da primeira divisão do Campeonato Carioca divulgaram nota em resposta às recomendações do Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (Cremerj). Os clubes questionaram a competência do órgão para validar o movimento de volta aos treinos – embora o Cremerj tenha feito uma recomendação contrária, a partir de um parecer, e não um veto – e classificou como “intimidação” e “ameaças” as ações recentes.
Botafogo e Fluminense não participaram do novo comunicado dos clubes. Os dois se posicionam contra a reunião de jogadores e profissionais do futebol sem o aval das autoridades de saúde. Entre os grandes do Rio, Flamengo e Vasco assinaram o documento junto de outros 12 clubes.
A nota de clubes e federação foi divulgada ao público por meio do Twitter do Flamengo. O grupo se coloca “em apoio aos seus profissionais médicos” contra a postura que classificam como “absolutista” do conselho de médicos.
“Não cabem retaliações, recalques, frustrações ou ameaças àqueles que não tem nenhum poder se vai ou não haver treino ou jogo, decisão que compete unicamente à direção de cada clube, fato inexplicavelmente olvidado pelo CREMERJ, mas do conhecimento de muitos dos profissionais que dele fazem parte”, afirmam em parte do comunicado.
Procurado novamente pela reportagem do GloboEsporte.com, o Cremerj informou que não vai mais se manifestar a respeito do caso – pois já o fez anteriormente com a recomendação dos clubes não retornarem aos treinos. O órgão vai seguir com seu papel de fiscalização da função de médicos e em prol da população.
Na última quarta-feira, o GloboEsporte.com informou que o conselho notificou médicos com o aviso de que poderia abrir procedimento interno contra os que colocassem profissionais de clubes aos riscos da doença. No dia seguinte, em entrevista, o presidente do órgão não proibiu a volta aos treinos, mas reforçou as possíveis punições, que vão de advertência à cassação do registro profissional no Conselho Regional de Medicina (CRM).
O Flamengo já havia se manifestado há três dias a favor do chefe do departamento médico do clube, Márcio Tannure. Agora, o clube da Gávea ganha o apoio da Ferj e de outros 13 co-irmãos cariocas na posição contra o Cremerj.
Leia a nota
“A FERJ e os filiados America, Americano, Bangu, Boavista, Cabofriense, Flamengo, Friburguense, Macaé, Madureira, Nova Iguaçu, Portuguesa, Resende, Vasco e Volta Redonda, em apoio aos seus profissionais médicos, estranham a posição do CREMERJ ao fugir de suas atribuições para opinar no que desconhece, investindo-se de competência que não possui, e expedir documento absolutista, caracterizado por conteúdo intimidatório e coator direcionado aos médicos dos clubes para impedir que os mesmos pratiquem o exercício legal de sua profissão.
Não cabem retaliações, recalques, frustrações ou ameaças àqueles que não tem nenhum poder se vai ou não haver treino ou jogo, decisão que compete unicamente à direção de cada clube, fato inexplicavelmente olvidado pelo CREMERJ, mas do conhecimento de muitos dos profissionais que dele fazem parte.
Em relação ao protocolo denominado Jogo Seguro, elaborado, debatido e finalizado para a fase de treinamentos, por médicos de todos os clubes, com fundamentos e bases científicas, convém ressaltar que não existe impermeabilidade a críticas ou sugestões desde que propositivas e fundamentadas, melhor ainda se revestidas da experiência na matéria por parte de quem as façam.
Ratificamos o que vem sendo repetido há muito tempo e por inúmeras vezes de que a volta de partidas oficiais de futebol profissional, em cada município do Estado do Rio de Janeiro, deverá ocorrer a partir do momento em que não houver impedimento legal e de acordo com as diretrizes do protocolo específico ainda não finalizado para essa fase.
Sugestões técnicas, científicas, factíveis, coerentes, lógicas, fundamentadas e sem nenhum viés político podem ser encaminhadas até o dia 4 de junho através do e-mail: secretaria@fferj.com.br.” (Globo Esporte)