O Espírito Santo é o estado com mais mortes no trânsito por habitantes no Brasil. Os dados são de um estudo do Observatório Nacional de Segurança Viária. Em 2018, foram registradas no estado 26 mortes a cada 100 mil habitantes. O número é acima da média nacional, de 21 mortes a cada 100 mil habitantes.
O presidente do Observatório, José Aurélio Ramalho, explicou que o alto índice de mortes está relacionado à educação dos motoristas no trânsito. Para ele, é necessário que exista o conteúdo de educação no trânsito desde o ensino básico.
“O acidente de trânsito está associado diretamente ao comportamento do motorista. Por mais que tenha uma via adequada, o comportamento do motorista naquela via inadequada tem que mudar. Não adianta a via não ter sinalização ou uma geometria de via ruim que ele deve se adequar para não acontecer o acidente”, enfatizou Ramalho.
O presidente acredita que o grande problema está em como o país forma os condutores. “Nós somos adestrados a tirar a habilitação e decorar placas. Isso é um fator muito grave. A gente não tem percepção de risco”, explica José Aurélio.
Outro fator importante para a prevenção de acidente, além da educação no trânsito, segundo o presidente, é o papel do poder público em oferecer segurança para o deslocamento dos pedestres.
O Espírito Santo ficou em 3º no ranking dos estados com mais morte de pedestres, atrás apenas do Distrito Federal (DF) e Paraná (PR).
“O poder público tem um papel fundamental em oferecer segurança no deslocamento, seja com passarela ou redutor de velocidade nesses locais. Mas, o que adianta usar a tecnologia se o usuário não usa de maneira adequada? Não adianta ter uma passarela se você atravessa na sombra dela. Não adianta ter uma faixa de pedestre, se os motoristas não respeitam. Parar na faixa é lei”, enfatiza.
Na terça-feira, 19, uma mulher de 46 anos morreu atropelada na Rodovia do Contorno, que liga os municípios de Serra e Cariacica, para tentar chegar a um ponto de ônibus. Revoltado com a morte da mãe, o filho dela fez um vídeo denunciando a falta de estrutura da via para a segurança dos pedestres.
Efeito – Os efeitos da falta de educação no trânsito, segundo o presidente, é uma sobrecarga no serviço público. O Brasil é o 4º país que mais mata no trânsito no mundo. Além dos mortos, José Aurélio chama a atenção para o alto número de acidentados com sequelas.
“Sessenta porcento dos leitos nos hospitais públicos são ocupados por acidentados de trânsito. O trânsito é avassalador na vida das pessoas. O pior não é a morte, por mais trágico que seja, é a sequela dos acidentados. Nós matamos uma pessoa a cada 15 minutos e uma pessoa é sequelada a cada minuto no trânsito”, aponta o presidente.
Ele justifica a fala informando que esses acidentados deixam uma herança social grave tanto para os familiares, como para o governo.
“Temos uma sobrecarga na assistência médica, na assistência da família, uma sobrecarga econômica do Estado, que vai ter que arcar tanto na questão previdenciária quanto no Sistema Único de Saúde (SUS)”, explica.
Em 2011, a ONU decretou que esta seria a “Década da redução dos acidentes de trânsito”, disse José Aurélio.
De acordo com a organização, a meta era de que os países chegassem a 11 mortes no trânsito a cada 100 mil habitantes. Há um ano de terminar o período de cumprimento da meta, que encerra em 2020, o Brasil está com 21 mortes a cada 100 mil habitantes. (G1 Espírito Santo)