O livro foi lançado já há alguns anos, mais precisamente em 2016, mas é e sempre será muito atual para quem quer conhecer as raízes dos nativos da costa do Espírito Santo e de parte do interior também. Trata-se da publicação Tebi’u Eté, que significa Alimento Sagrado em língua guarani, e que traz receitas, textos e imagens relacionados ao preparo tradicional da alimentação do povo Guarani. Ele foi lançado pela Associação Indígena Guarani Mboapy Pindó de Aracruz e ensina a preparar de maneira natural milho, pamonha, batata doce, beiju e outros alimentos comuns para muitos brasileiros. “Com este livrinho você vai poder conhecer um pouco da Cultura Guarani e poderá também usá-lo como um caderno de receitas, com boas ideias para alimentação cotidiana”, diz a apresentação da obra, que afirma que simplicidade e intimidade com a natureza são chave para o preparo destes alimentos.
O livro, que é bilíngue em guarani e português, traz um pequeno contexto da chegada deste povo indígena ao Espírito Santo no final dos anos 60 a partir de uma peregrinação guiada pela líder espiritual Tatatxi Ywá Reté em busca da terra sem males, fundando aldeias na região de Aracruz.
Segundo a publicação, os alimentos básicos da culinária guarani são milho, mandioca, amendoim, palmito, batata-doce, feijão, mel, peixe e carne de caça, consumidos frescos, cozidos ou assados na brasa, sem muito tempero.
O Mbyta é feito de milho verde ralado e assado na brasa sobre folha de bananeira e panela de barro, sem levar sal. O Ka’irepoti é feito de fubá, assado dentro de varinhas de bambu, dispensando o uso de vasilhames. Awatxiku’i é uma paçoca feita de milho e amendoim, sem sal ou açúcar.
Alguns dos produtos são ligados a cerimônias sagradas como o Kagwidjy, milho cozido que deve ser mastigado por uma jovem virgem que deve seguir algumas restrições alimentares consideradas importantes dentro da cultura guarani. O ato de mastigar e cuspir serve para fermentar o milho por meio da saliva, assim como praticam outras etnias indígenas.
O Kawure se faz com massa de trigo, colocada no espeto e assado nas brasas ou cinzas. O trigo também é base para fazer o Txipa, bem popular entre os guaranis, que fazem discos de massa que pode ser consumido frito ou assado. (Weber Andrade com informações de Século Diário)