As viagens de trem vindo para o Espírito Santo e também partindo da Estação Pedro Nolasco, em Cariacica, continuam suspensas nesta quarta-feira, 16, segundo a Vale. A estrada de ferro Vitória a Minas foi liberada na noite dessa terça-feira, 15, após o juiz da 1ª Vara Cível de Baixo Guandu determinar a reintegração de posse.
Um protesto de pescadores bloqueava a linha férrea há mais de 30 horas, desde a manhã de segunda-feira, 14.
Segundo a Vale, o trem continuará com circulação restrita ao trajeto entre Belo Horizonte e Governador Valadares, em Minas Gerais, nos dois sentidos hoje.
Desde o início da paralisação, 2,5 mil passageiros não puderam embarcar no trem ou tiveram que completar seus trajetos em ônibus, segundo a Vale.
“Quem não conseguiu embarcar pode reagendar o bilhete ou pedir o reembolso do valor investido na compra da passagem. Para isso, é preciso se dirigir, no prazo de até 30 dias, a qualquer uma das estações localizadas ao longo da Estrada de Ferro Vitória a Minas. Mais informações podem ser solicitadas por meio do Alô Ferrovias 0800 285 7000”, frisa a nota da empresa.
Os manifestantes são pessoas que foram diretamente impactadas pela lama de rejeitos de minério que vazou da barragem da Samarco, em Mariana, em 2015. Eles têm pelo menos 20 reivindicações, a maioria ligada a problemas nas indenizações.
Entretanto, na determinação do juiz de Direito Dener Carpaneda, desta terça-feira, a linha férrea não poderia ser ocupada, e em caso de descumprimento, cada pessoa teria que pagar uma multa de R$ 25 mil. No documento ainda consta que se os manifestantes fizerem um novo do protesto dessa mesma maneira, a multa diária será de R$ 50 mil para cada um.
Um oficial de Justiça esteve no local do bloqueio na noite desta terça para entregar o documento. Segundo a Polícia Militar, inicialmente houve um pequeno tumulto, a PM foi acionada e os manifestantes se acalmaram, não sendo necessário uso de força. A estrada foi liberada por volta das 21h.
Ainda segundo a Vale, a cada 24 horas sem operação, a ferrovia deixa de movimentar o equivalente à carga de 11,8 mil carretas de produtos diversos, como minério de ferro, combustível, grãos, carvão e fertilizantes. Os produtos atendem a indústrias do Espírito Santo, Minas Gerais e São Paulo ou que têm como destino o mercado externo.
Crime ambiental – No dia 5 de novembro de 2015, no distrito de Bento Rodrigues, em Mariana, uma barragem da Samarco, cujos donos são a Vale e a BHP Billiton, se rompeu. Uma lama de rejeitos de minério vazou, arrasou vilas, matou pessoas e chegou até o Rio Doce, que percorre cidades mineiras e também capixabas.
No Espírito Santo, as cidades afetadas foram Baixo Guandu, Colatina e Linhares, onde fica a foz do rio. (Weber Andrade com G1 Espírito Santo)